sábado, 21 de fevereiro de 2009

A história de uma vida

Palmira estava pensando, sentada junto da sua porta, enquanto ia fazendo umas meias de malha de lã preta das suas ovelhas. O que foi difícil a sua vida até aos seus oitenta e nove anos. Começou por ter de cuidar dos seus quatro irmãos, quando ainda só tinha sete anos, para os seus pais poderem ir trabalhar no campos, de onde tiravam o sustento para toda a família. Mais tarde já com dez anos começou também a acompanhar os pais na lida do campo. Não podendo ir para a escola, o que a fazia bastante infeliz, pois o seu maior desejo era aprender a ler e escrever. Com o objectivo de fugir daquela vida de trabalho aos dezasseis anos casou e ai arranjou trabalhos maiores. teve de continuar a trabalhar no campo ao lado do seu marido e começou a encher-se de filhos, era um por ano, e em poucos anos estava com dez filhos de roda dela, sete raparigas e três rapazes que a não deixa ficar parada um só minuto.
Palmira com trinta anos parecia já uma mulher de cinquenta, com tantos filhos que teve e sem cuidados médicos sua barriga ficou descaída suas costas já começavam a curvar pelo trabalho que tinha e sua cara mostravam bem todo o seu sacrifício estampado nas rugas que apresentava.
Enviuvou aos quarenta anos e seus trabalhos ainda ficaram redobrados, pois sozinha para criar todos aqueles filhos, tinha de trabalhar de dia e de noite. Os filhos assim que iam tento idade, começavam a sair de casa para arranjarem trabalho e se casarem.
Palmira aos cinquenta anos já não tinha nenhum filho em casa e já mal podia trabalhar, pois a sua dura vida foi lhe trazendo um rol de doenças que agora não a deixavam sossegar. A diabetes impedia de poder comer o que queria e o reumático dos frios que apanhou obrigavam-na a estar grande parte do dia sentada pois tinha grande dificuldade em se mexer. Mas estes males não a impediram de finalmente concretizar o seu grande sonho que era aprender a ler e escrever, que veio a conseguir com os seus cinquenta e três anos.
Sua vida agora com os oitenta e nove anos era sentada junto de sua porta para apanhar um pouco de sol e fazer um pouco de malha. Palmira apesar de uma vida de sacrifício não era capaz de se lastimar e dizia que tinha sido uma mulher feliz e que a maior felicidade que tinha era ver os seus dez filhos, cinquenta netos, cento e dez bisnetos e cinco trisnetos.

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